sábado, 14 de maio de 2011

DESALENTO

Certo dia, na emergência, entrou timidamente no meu consultório uma mulher de 40 e poucos anos.
Pedi que sentasse e, quando ela o fez, perguntei o que estava sentindo.
Ao invés de responder, a paciente colocou a mão no bolso da calça, apanhou de lá um papel. Desembrulhou com todo cuidado e me estendeu, ainda sem dizer nada.
Segue abaixo a imagem da folhinha que eu li.



Devo admitir duas coisas:
1. Deu vontade de rir na hora. Não rir da paciente ou dos erros, mas pela sua ingenuidade, pela forma quase que pura com que escreveu tudo que sentia naquele momento, e foi ao médico com seu papelzinho de queixas. Achei muito bonitinho hehehe
2. Na hora em que li, tive dificuldade para entender algumas palavras. Mas, depois, com calma, compreendi. Se tiverem dúvida em alguma, perguntem!

Para finalizar, o diagnóstico da paciente não tinha nada a ver com o que ela escreveu, e ao mesmo tempo tinha tudo a ver. Ela era uma paciente poliqueixosa, que sentia alguma coisa em todo lugar do corpo, pelo simples fato de que estava sofrendo de um profundo TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA. Mediquei com um remédio para cortar a ansiedade e, em meia hora, a paciente estava se sentindo muito melhor.




DESALENTO é uma música de Chico Buarque.

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